O adjectivo é atribuído pelo jornal inglês The Guardian, que coloca a Livraria Lello, no Porto, em terceiro lugar na classificação das mais bonitas do Mundo. Inaugurada em 1906 na Rua das Carmelitas, o edifício destaca-se logo no exterior, pela fachada branca rendilhada. A escadaria trabalhada em madeira e os vitrais pintados são outros atractivos a que se juntam mais de 120 mil exemplares de livros.
Sara Pelicano | terça-feira, 14 de Setembro 2011
O jornal britânico The Guardian publicou um artigo, em 2008, onde descrevia a centenária Livraria Lello e Irmão na cidade do Porto como «divina». No primeiro andar da casa histórica, vista exterior para a imponência da Torre dos Clérigos, o administrador Antero Braga diz que, «embora o jornal inglês a coloque na terceira mais bonita do Mundo, é de facto a primeira» e explica porque «é a única construída de raiz. El Ateneo, em Buenos Aires, no segundo lugar era um antigo teatro e a primeira, em Maastricht, Holanda, era uma igreja». A livraria Lello, conta hoje com mais de 120 mil volumes para venda, foi inaugurada com pompa em 1906 na presença de nomes ilustres da literatura portuguesa como Guerra Junqueiro, José Leite de Vasconcelos e Afonso Costa. Com os anos ficou um pouco fora de moda, como refere Antero e, em 1993, quando se torna sócio da empresa, empreende-se uma mudança. Sem perder a traça original de um edifício de estilo neogótico, projectado pelo engenheiro Xavier Esteves, abriram-se portas para a modernidade. «Temos livros traduzidos de autores portugueses em quase todas as línguas porque somos muito procurados por turistas», conta Antero no decorrer da conversa que acontece junto à galeria da livraria. «Queremos que o cliente entre aqui e não saia de mãos vazias, por isso introduziram-se outros elementos na livraria, sempre de qualidade, como porcelanas, vinhos do Porto, e exposição de quadros no local onde também é possível fazer tertúlias e apresentar livros», explica o responsável. Junta-se a esta exposição de cultura, uma secção de Compact Disc (CD) de música clássica, «erudita», como sublinha o administrador. Na entrada, os bustos de António e José Lello, fundadores da livraria, recebem clientes e curiosos. Seguem-se outros rostos, como Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Tomás Ribeiro, Teófilo Braga e Guerra Junqueiro. Todos autores portugueses editados pela Lello e Irmão. A escadaria ornamental, que se abre em círculo, já foi cenário de muitas fotografias e uma das atracções da livraria. As paredes forram-se com estantes de madeira, casa para muitos livros. Junto ao tecto encontram-se as obras mais antigas, facto denunciado pelas lombadas gastas. «O livro mais antigo data de 1691, é uma obra de uma ordem religiosa francesa. Dos portugueses, temos a segunda edição dos lusíadas», avança Antero Braga. Povoando o espaço, mesas robustas exibem títulos para todos os gostos e bolsas: arte, flora, filosofia, direito, matemática, ficção, poesia, muitas outras áreas. Uma viagem entre portas pelo saber universal. O lema da casa é estar atento «às necessidades do público e não perder comboio da modernidade». O desafio colocado pelas grandes superfícies é contornado pela atenção conferida às solicitações do cliente. «Nunca dizemos que o livro está esgotado, não há de momento, mas o cliente tê-lo-á nas mãos dentro de dias», conta Antero que justifica assim a fidelidade dos clientes que se espalham pelo país e além-fronteiras: «Envio livros para Lisboa, Faro, Brasil, Nova Zelândia». |
( in CaféPortugal)
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