PEDRO PASSOS COELHO E O LIBERALISMO ECONÓMICO
A génese do Estado pós-feudal reside na alta burguesia, que bajulava e apoiava UM REI, com o pretexto da proteção dos mais fracos, quando na verdade pretendia legislação e força militar para se proteger a si mesma das armas da nobreza, e poder impor a força do seu dinheiro, como meio de obter mais riqueza para si e para o Estado-Rei - daí resultou o despotismo real (o paradigma terá sido a França, mas aconteceu por toda a Europa) - virou-se o feitiço contra o feiticeiro.
Mas logo a alta burguesia passa a financiar revoluções anti-monárquicas, usando o povo (um parente já muito afastado) como "gadget" (paradigma da revolução francesa); os povos europeus, na sua maioria, começaram a desconfiar desta burguesia e retornaram ou consolidaram as monarquias, e então:
1) os do Sul, com maior tradição de hierarquia bajulativa vaticanista (o Vaticano patrocinou várias fases de subversão anti-burguesia) retornaram a sistemas monárquicos autoritários, ou esboçando já um constitucionalismo semi-autoritário, que desembocaram, do último quartel do séc. XIX e até à 1ª Guerra Mundial, em repúblicas formais mais autoritárias ainda, e com muito pouco respeito pela res publica.
2) os do Norte, talvez mercê da sua condição de não submissão ao Vaticano, que é simultaneamente causa e efeito em relação a uma certa "democraticidade", variedade e liberdade da discussão evangélica, e por tabela, da organização social, optaram por monarquias constitucionais (que hoje são as verdadeiras repúblicas)
Esses povos europeus do Norte, e os seus apêndices culturais Austrália, Nova Zelândia e Canadá, têm-se consolidado como as MELHORES DEMOCRACIAS, mantendo o regime de Monarquia Constitucional (Portanto, a melhor República), com chefes de Estado isentos por natureza e por educação precoce, e têm adoptado sistemas ideológicos de Governo alternando entre a social-democracia, a democracia-cristã e demo-liberais.
Nos povos europeus do Sul, existe uma esquerda, que teima em fixar-se em rótulos criados por intelectuais da Grécia Antiga e do séc. XIX, continuando a insistir:
1) que as monarquias modernas, como se chamam monarquias, não são democráticas (mantêm a classificação do tempo dos gregos, em que a democracia é oposta à monarquia), sabendo perfeitamente, pela observação dos povos do Norte, que essas monarquias são onde a República melhor se satisfaz, onde não há desemprego, onde as pessoas sentem que são o Estado, onde é maior o direito à diferença, onde se tem prazer em pagar impostos, onde a educação e a saúde são praticamente gratuitas.
2) que as referidas ideologias são de tendência neo-liberal, pela prática vigente, nomeadamente em Portugal, com o bloco PS/PSD; ora para serem neo-liberais, teriam de ser liberais, e para além disso, sem qualquer controlo, nomeadamente fiscal e contributivo, pelo Estado.
MAS O QUE SE TEM VISTO É SITUAÇÕES DE MONOPÓLIO PURO OU CONCERTADO (cartelização), EM PRATICAMENTE TODOS OS SERVIÇOS PÚBLICOS, ENCARECENDO DE MANEIRA MUITO PIOR DO QUE FEUDAL (no feudalismo, conhecíamos as regras de antemão), TORNANDO QUASE NULO TODO O RETORNO SOCIAL QUE MERECE QUEM PAGA IMPOSTOS DE DEMOCRACIA - os dirigentes do poder, neste últimos 30 anos, têm enriquecido por enriquecerem os mais poderosos, fazendo para estes, por exemplo com as PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS, contratos chorudos, de durações seculares, e já com sistemas de imdemnizações de milhões previstos em caso de denúncias dos contratos, TUDO À CUSTA DE VERDADEIRO ROUBO DO ERÁRIO PÚBLICO - E ROUBAR É CRIME.
A social-democracia ainda é um sistema muito caro para Portugal; para podermos atingi-la temos de criar riqueza, e não podemos criá-la sem um liberalismo económico com livre concorrência, com governantes de padrão ético elevado, impedindo estes monopólios sub-escravizantes, que levam, directa ou indirectamente, mais de metade do rendimento de cada um dos portugueses, que o poderiam investir em educação, ou quiçá num retorno ao sector primário (agricultura, pecuária, pescas), sectores tão importantes para uma verdadeira independência da Nação.
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